quarta-feira, 13 de junho de 2012


O cão vê as flores



Que faço então com as flores
do meu jardim
que não brotam mais
e a grama que não podei
o cão esteve a ver
borboleta do riso em prosa
caos infecundo
da não-palavra dita em sussurro
bafo no teu olhar
e aquele braço bonito
a cortar flores sem cor
enquanto o olhar
retinifica tua imagem
para sempre,
para sempre
mitema a que sigo
pisando flores murchas
suor na pele
devorada pelo cão do caos.

06/02/2004

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